(Platão)

                                                                Crédito: Getty Images


     Considerado um dos maiores filósofos de todos os tempos, Platão deixou importantes contribuições para os dias atuais. Nasceu em Atenas em 428-7 a.C, ateniense de família nobre, foi o principal discípulo de Sócrates, fundou a academia, sua escola filosófica. Ele inicia com Sócrates uma forma de pensar de fazer filosofia. Sócrates foi seu precursor, no entanto, Sócrates nada escreveu o que chegou até nós foi basicamente escrito por Platão. A obra que condensa o pensamento platônico é a República, livro complexo, pensado como capítulo onde Platão escreve boa parte de sua vida. Nesse livro temos uma das mais relevantes obras de Platão a Alegoria da Caverna. Ao buscar a explicação sobre o que uma polis precisa para ser um lugar ideal, Sócrates narra sobre a instrução e ignorância dos homens. E para explicar sua ideia, cria imagens de homens acorrentados morando em uma caverna subterrânea que observava a vida atrás das sombras de objetos que são transportados do lado de fora da caverna. Com efeito, buscaremos observar aquilo que Platão nos ensina que é sair da zona de conforto e buscar a verdade.

A ALEGORIA DA CAVERNA

           “Os outros povos da Antiguidade nos deram santos. Só os gregos nos deram sábios”, disse certa vez o filósofo alemão, Friedrich Nietzsche. Essa frase tem a notoriedade quando estudamos a filosofia da antiguidade, quanta riqueza de conhecimento! Foi por isso que provavelmente o filósofo Husserl disse que: “com os gregos começa a aventura da razão”. Uma das contribuições mais marcantes de Platão foi sua obra A República, nela podemos perceber que o pensamento que orienta o filósofo é o problema do Estado. Platão era crítico da democracia ateniense, para ele quem teria que governar o Estado era o filósofo, pois este é que detém do conhecimento.

     A priori vamos entender o significado da palavra alegoria, para o professor Carlos Ceia (1998) a Alegoria é: aquilo que representa uma coisa para dar a ideia de outra através de uma lição moral. O termo grego allegoría etimologicamente significa “dizer o outro”, dizer alguma coisa diferente do sentido literal. Na mencionada obra podemos observar o dualismo Platônico, o texto é uma metáfora. Nesse diálogo, o protagonista é Sócrates e ele narra à história de homens que estão presos em uma caverna. Dentro dessa caverna tem uma fogueira e o que apenas esses sujeitos enxergam na caverna são imagens, as sombras que são projetadas dentro da caverna. Sendo assim, eles não conseguem vê a luz do conhecimento. Até que um homem resolve sair da caverna e ao sair da caverna para buscar o conhecimento e por está um longo período no escuro da caverna, os seus olhos sentem o feito da luz, da claridade, que é muito forte. Sair da caverna é um choque com a luminosidade com a realidade. Todavia quando ele consegue abrir os olhos ele vê o mundo diferente daquele então.

     Essa alegoria revela que aquele que sai da caverna e que contempla as coisas iluminadas pela luz do sol é o filósofo. O sol é a imagem do bem e a subida para o mundo superior é a sensação das almas, das coisas sensíveis para a realidade inteligível. Ao final da alegoria, Platão faz uma suposição, se o prisioneiro voltasse para o fundo da caverna e se ele dissesse aos outros que aquilo que eles estavam vendo não era a realidade, os prisioneiros não acreditariam e até matariam o ex-prisioneiro. Nesse contexto temos uma referência a Sócrates que foi condenado à morte, pois estava querendo mostrar a luz para os jovens atenienses. Com efeito, Platão transmite algumas lições com essa brilhante obra, podemos destacar algumas á exemplo: as coisas materiais são as sombras, a caverna simboliza a realidade sensível e material. As riquezas para Platão são elementos secundários e não podem tomar o lugar do que é essencial, que são os valores imateriais, e os bens da alma. Ficar dentro da caverna é mais fácil, sair da zona de conforto é sair das algemas, porém para alguns é mais fácil continuar nas sombras.  

       Desde quando fiz a leitura da Alegoria da Caverna de Platão, pude compreender a mensagem que o filósofo propôs compartilhar na mencionada obra. A reflexão sobre buscar o conhecimento, buscar a verdade. Não obstante, a partir do estudo é oportuno mencionar o livro A Caverna publicada no ano de 2000 do escritor português José Saramago. No romance, Saramago apresenta algumas reflexões que dialogam com a obra de Platão. Na trama as pessoas estão sendo consumidas por um sistema capitalista novo que está sendo implantado na região em que residem, ou seja, assim como na Caverna de Platão, as pessoas estão prisioneiras a esse sistema agressivo. Ademais dois filmes também tem uma relação com a Alegoria da Caverna de Platão, que são: Matrix e o Show de Truman. Eles dialogam no ponto da dualidade entre a realidade visível e invisível. Na ficção os personagens principais que compõe a trama são sujeitos críticos que começam a questionar o mundo que os cerca, e com esses questionamentos, eles saem dessa “ilha” que os cerca para buscar a verdade. 

      Sendo assim, entendemos a importância de estudar a filosofia, esta que é mais do que uma área do conhecimento humano, é a área das áreas onde tudo nasce/brota bem como a política, o direito, a antropologia, a sociologia entre outras. Diante do estudo da ilustre obra de Platão compreendemos que o filósofo é livre, ele não retorna a caverna depois que descobre a luz, o conhecimento.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 CEIA, Carlos. Sobre o conceito de alegoria. Matraga, Rio de Janeiro, n. 10, 1998.

Jaeger, Werner Wilhelm. Paidéia: a formação do homem grego (tradução Artur M. Parreira; adaptação para a edição brasileira Monica Stahel; revisão do texto grego Gilson Cesar Cardoso de Souza), São Paulo, 1995.

PLATÃO. A República. Nova Cultural, São Paulo, 2004.

SARAMAGO, José. A Caverna. Companhia das Letras, São Paulo, 2000.


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